quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Foi Sempre a Frase Errada


Danço dentro de sonhos que tocam música ao vento. E corro ao colo do meu sono côncavo. Demoro-me nessa imensa paisagem que é o subterrâneo que há em nós. E passeio por mundos que me habitam desde sempre. Sentimentos sem princípio nem fim. Vazios de todas as formas. Cheios de mar ao longe. E vagueio por essa noite chamada mistério. E a cada passo descubro-me outro. Cruzo-me com quem já fui e sorrio dessa imensa candura que é sabermo-nos mais próximos de quem sempre fomos.
E há sonhos que não dormem. Duram o dia inteiro. Andam comigo na rua, trago-os dentro dos bolsos ou na palma das mãos. Há sonhos que deixo cair ao passar. Como quem sabe que alguém, à espera do mesmo sonho, o irá apanhar. Às vezes, pouso-os em mesas de cafés. Para quem se sentar a seguir. E solto sonhos ao vento como quem abre espaço no céu para ver pássaros voar. E ganham asas. Planam alto. Espalham-se pela cidade. E escolhem corações para morar. E eu fecho os olhos à alegria de os ver crescer. E solto lágrimas de cores porque o mundo existe. E por eu estar aqui.